Em 2005 a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS) foi demarcada e com isso não podíamos mais ter acesso a essas terras para fazer turismo sem autorização da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e Comunidades Indígenas.
Muitos não sabem, mas há a possibilidade de fazer turismo em terras indígenas desde que atenda as diretrizes da Instrução Normativa 003/2015, da FUNAI, que estabelece os procedimentos para a visitação turística em terras indígenas e que possibilita a comunidade desenvolver economicamente diversas atividades, não só o turismo, a partir de planos de visitação e de planos de negócios.
No Brasil, só há duas terras indígenas que têm a autorização do órgão para implementar as atividades de visitação na dimensão do turismo de base comunitária: a Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu, dos índios Kalapao-MT e a Terra Indígena Menkragnoti, dos índios Kayapó-PA.
Atualmente a Comunidade Indígena Raposa I/Maikan Pisi Pata’, localizada no município de Normandia-RR distante 240km da capital Boa Vista-RR, pode ser a terceira no país e a primeira em Roraima a implantar o turismo de base comunitária (TBC) de forma organizada por meio da sua autogestão indígena na terra indígena raposa serra do sol com um plano de visitação. O plano piloto na comunidade ainda está em processo de aprovação e até fevereiro pretendem concluir o projeto. Turismo de base comunitária é um modo de fazer turismo com ênfase no protagonismo das comunidades e sua autogestão.
Quantos motivos você quer para turistar na Raposa I?
1- Você é recebido pelo tuxaua da comunidade que serve um pajuaru (bebida indígena fermentada da mandioca) na cuia fresquinho. É uma bela forma de dar as Boas Vindas!
2-Toda a comunidade é bem organizada. Tem os policiais comunitários, condutores locais, enfermeiros, cozinheiras e muito mais. Cada um com sua função.
3- O que comer? A comida, que pecado. Uma delícia! Na culinária tem a damurida, beiju, pimenta, farinha, arroz e uma galinha caipira dos deuses Makunaima. Tudo farto, no café, almoço e janta.
4- O que beber? O pajuaru* e o caxiri* (bebidas fermentadas da mandioca), pode ser de milho também. Há sucos regionais como cupuaçu.
*Beba com moderação, são bebidas com alto nível de teor alcoólicos.
5- Onde dorme? Para se hospedar tem a rede (leve a sua) com mosquiteiro, é só atar embaixo do tapiri, da mangueira ou levar a barraca para área de camping. Espaço não falta por lá.
6- O que comprar? Artesanatos feitos de palhas e sementes regionais e a panela de barro makuxi é o que há pra levar. Aliás, é só isso que você deve levar além das fotos.
7- O que conhecer? O Modo de produção do beiju e panela de barro makuxi é uma forma de expressão da cultura local e seu modo de subsistência.
8- Atrativos culturais? Tem a dança parixara, a música cantada na língua makuxi com os trajes de saia da palha do buriti e pintura no rosto. Além disso, muita lenda contada.
Parte da letra da música parixara em makuxi
Taua’ke Taua’ke
Ta’tarumenka
Parisara i’pî eramato’pe
(Parixara está vindo vamos nos adornar)
9 – Atrativos naturais? Tem sim, tem o lago da Raposa, a cachoeira da Raposa, trilhas, cavalgada turística, pôr do sol e muito mais. Ah, e nem vou falar da lua cheia que estava um espetáculo esse dia. É só ter tempo e disposição.
10- Como chegar? No verão tem acesso com carro de passeio, mas sugiro um 4×4 e o ônibus mesmo, que é estrada que não acaba nunca. Para conhecer ou chegar lá é só ficar ligado no calendário de excursão que sempre tem. Os pacotes são vendidos com Enoque Raposo pelo cel/whatsapp +55 (95) 99130-4045, que é o responsável pelo turismo na comunidade.
Quantos motivos mais você precisa para turistar na Raposa I?
O próximo pacote faz parte do evento que acontece de 9 à 11 de novembro, é o 4º Festival das Panelas de Barro ANNA KOMANTO ESERU, os pacotes já estão a venda com Enoque e você já pode reunir a parentada pra ir.
Depois de tudo isso você ainda tá em dúvidas se quer conhecer essa riqueza cultural e natural presente no nosso estado que mesmo dentro da reserva indígena, você pode visitar?
É tudo bom… você tem duas alternativas: ou fica aí reclamando que não pode visitar as belezas naturais das terras indígenas ou vai logo marcar seu próximo passeio e levar a parentada e os amigos pra ter essa experiência única.
A ideia é ajudar no desenvolvimento local, por meio do aquecimento da economia e práticas sociais e culturais que envolvam todos os membros da comunidade. E para visitar, há várias regras a serem cumpridas antes, durante e depois que sai da comunidade.
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