Durante todo o ano a gente recebe amigos e principalmente parentes por aqui. Aí pra não vir aquela mesma pergunta de sempre. E o que tem pra fazer aqui? Que particularmente eu viro os “zóios” quando ouço, vou te mostrar dez, somente dez coisas que você PODE apresentar pro seu parente degustar e desfrutar em BV. Olha aí, talvez até você anda precisando conhecer um pouco da nossa cultura.
É muita coisa pra pouca informação PARENTE!
1- Tomar sorvete Creme com Chocolate na casquinha
Quem é daqui sabe, tem um sorvete artesanal que só há aqui em BV e todo mundo ama. É o sorvete Creme com Chocolate na casquinha, ele te faz lembrar os tempos da escola ou aquele fim de tarde caloroso que você corre pra aquela sorveteria tradicional da cidade, que só nela vende e vai se refrescar. Que tal levar o parente ou amigo pra degustar dessa delícia no fim da tarde! É uma boa opção e na cidade dele, te garanto que não tem tão bom. Acabou? Não! Sabe porque eu disse na CASQUINHA? Ah, você não pode imaginar o que ainda sobra dentro da casquinha oca, muitoooo chocolateeee. Vou já comprar o meu, já deu até água na boca… hummm. É pra se deliciar mesmo!
2- Comer Paçoca com Banana
Gente, eu não me canso de falar sobre essa nossa delícia de paçoca com banana. E qual é o segredo da paçoca roraimense com as outras do Brasil? Parente, além de ser produzida com a carne de sol local, ela tem a farinha amarela indígena da região que complementa o sabor. Ah, e aquela banana prata, que com ela te ajuda a quebrar o sal e a descer melhor a paçoca. Tá esperando o quê? Vai ao supermercado e compra a sua. Tempere com a quantidade de cebola que você ou parente preferir. Eu tenho certeza que ele vai querer levar uns kg quando voltar pra casa.
Prato preparado com farinha, banana e carne bovina bem seca ou charque batida no pilão.
3- Tomar banho no Rio Branco e seus afluentes
O negócio é pegar o parente, colocar no barco e atravessar o rio e ficar de molho. O Rio Branco é localizado dentro da capital BV e ainda tem seus afluentes (Branco, Tacutú e Uraricuera), com isso formam várias praias que chamamos de banho e são tão próximas da cidade e ainda é banhável que você vai ficar perguntando qual deles ele vai querer se refrescar. Não vai deixar ele beber a água do Rio Branco, aos menos que você queira que ele fique. Que tal convidá-lo pro banho? Nesse calor então…
4- Comer Damurida com muita pimenta
Símbolo da culinária macuxi, a Damurida é um prato indígena a base de peixe ou caça moqueada, regado a muita pimenta. Apesar da fama de prato regional, a damurida – assemelhada a um ensopado com diversos tipos de pimenta – não é vendida nos restaurantes roraimenses (se tem, eu não vi ainda), restringindo-se praticamente às malocas de algumas etnias indígenas, sempre servida acompanhada de farinha e de beiju de tapioca. Com pimenta a gosto, muitos gostam e já faz parte a mesa do roraimense e do dia-a-dia. E ai? Bora fazer a boca do parente pegar fogo? Cuidado, o excesso desse produto pode causar muita queimação. 🙂
5- Tomar as Cervejas Artesanais de Boa Vista
Ma rapá, o povo vem pra cá e fica perguntando qual é a bebida típica de BV, vou te falar. Tem muitas bebidas indígenas, mas não são comercializadas com tanta frequência. Mas o que posso te dizer é que há uma cervejaria em BV que tem um portfólio de cerveja artesanal, cujo nomes foram inspirados em nomes de lendas e etnias indígenas e você vai ficar embriagado de tanta opção (Caçaripa, Macuxipa, Cunha Aká, Cruviana, Grande Pierre, Canaimé). Ela é comercializadas em algumas cervejarias de BV. Nesse calor do Equador, ela vai descer bem né!? Deguste com moderação.
6- Tomar Pajuarú, Caxiri, Aluá e Mocororó
É, tem cerveja artesanal, mas o parente quer é beber uma bebida típica. Que que isso? Já tô bebinha, o negócio é forte. O Pajuarú, é uma bebida alcoólica indígena feita à partir do beiju torrado da mandioca brava, fermentada, ela é comercializada nas feiras de Boa Vista em garrafa pet, e quem é parente, já provou e sempre vai lá comprar. Cuidado com transporte da feira a sua casa, o negócio é tão forte que ela pode ‘explodir’ no meio do caminho. Uma garrafa custa em média R$12,00. Que tal ir atrás pra dá mais opção pro parente que quer beber uma bebida bem alcoólica indígena e tradicional. Também há o Caxiri, uma das bebidas típicas, é produzido com a massa da macaxeira ralada e cozida por pelo menos 12 horas, para chegar ao ponto ideal de fermentação; A Aluá produzida do milho seco moído e cozido, depois vira um mingau grosso, que diluído em água e armazenado por alguns dias, resulta em uma bebida de alto teor alcoólico. Além dessas três há ainda o Mocororó, bebida produzida do sumo do caju, armazenado em grandes baldes, onde é fermentado por no mínimo três dias. Tem umas história de que o Caxirí é o mesmo que o Pajuarú, dependendo da etnia, mas vale lembrar que, se for a mesma ou não, o teor alcoólico é forte nos dois. Deguste com cautelá!
7- Tomar banho de Igarapé e Cachoeiras
É, o calor da linha do equador não perdoa e ainda bem que somos da amazônia e ela nos abençoa com muita água e diversas opções, além do Rio, a gente tem lago, lagoa, e o melhor e mais geladinho, os igarapés e cachoeiras de BV. Por aqui perto mesmo a gente encontra tudo isso. O parente reclamou do calor? Coloca ele de molho dentro do igarapé, ou leva ele pra esfriar a cabeça do calor na cachoeira. Ele vai voltar a ser criança e vai pedir pra não sair da água.
8- Levá-los as Praças e Parques da cidade
Uma coisa que o parente da cidade grande não pode reclamar aqui é de espaço público. Na cidade dele só deve ter o calçadão da praia ou aquele negócio grande fechado com ar-condicionado que chamam por ai de shopping. Mostra pros parente aí, que o negócio aqui é passar o final de semana e o tempo livre nas praças e parques de BV. Esse negócio de caixa grande fechada, os parentes macuxi daqui não se adaptaram ainda não, e diferente da praça ainda custa caro. Bora lá parente, fazer um piquenique ou tomar um sorvete na praça, não custa tão caro e você ainda curte a natureza.
9- Comer Beijú com os Peixes Regionais
Tu é doido… se tem uma coisa que os parente macuxi sabe fazer é peixe. Tem peixe, tambaqui, pirarucu, tucunaré, matrixã, filhote, pacu e outros. Imagina aquele cozido de peixe com farinha e beijú. Gente, a farinha tem que ser a amarela indígena, aquela que você tem que ensinar o parente da cidade grande a mastigar, senão, era uma vez um dente. E o que é esse Beijú? Vou te dizer, eu não sei o que os parentes macuxi não fazem com a mandioca, eles também fazem o beijú que assim como a farinha e os peixes é comercializada nas feiras de BV. Coloca esse parente pra comer um peixe cozido com farinha e beijú. Ele vai se amarrar.
10- Ouvir uma Música Regional
Não há nada mais inspirador que ouvir a poesia das belezas naturais e paisagens de Roraima cantadas e recitadas em formato de música. Se o parente da cidade grande ouvir a nossa MPR – música popular roraimense – vai querer conhecer tudo daqui e não vai querer mais voltar. Eu já te falei parente, o negócio aqui é bom, você pode até fingir que não ver ou tem miopia mesmo. Mas vou te falar, além dos cantores mais conhecido regionalmente, tem banda de forró indígena. Os parentes adoram um forró e o da maloca então… É muita riqueza musical que você precisa mostrar pro parente da cidade grande, ele não vai ficar parado.
Bebe Caxiri – Caxiri Na Cuia
É com você o caxiri na cuia! é com você o xote da alegria!
é com você o caxiri na cuia! é com você o xote da alegria!
bebe caxiri, bebe macuxi.
bebe caxiri, bebe macuxi.
come malagueta e come murupi,
quem sabe do sabor é indio macuxi.
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Rorameira Makunaimando – Eliakin Rufino
Cai o sol na terra de makunaima
Boa Vista no céu, lua cheia de mel
sobe a serra de Pacaraima
eu sou de Roraima
surubim, tucunaré, piramutaba
sou pedra pintada, buriti, bacaba
Caracaranã, farinha d’água, tucumã
curumim te espera cunhantã
um boto cantando no rio
beiju de caboco no cio
parixara na roda de abril, se abriu
linha fina no meu jandiá
carne seca, xibé, aluá
jiquitaia, caxiri, taperebá..
Aí os parentes macuxi deve tá perguntando. CADÊ A FARINHA? Eu preciso ainda falar da sua importância na paçoca, damurida e no peixe? É a farinha, a amarela que completa nossos ingredientes que de alguma forma você já apresentou, ela é tão exclusiva que ainda estou fazendo um post só das farinhas parente, pra mim já tinha virado patrimônio da culinária roraimense. Fiquem aguardando!