Uiramutã/RR: Belezas intocadas ao Turismo desejado
Hoje, 8 de Maio, é o Dia Nacional do Turismo, pra não passar em branco, escrevi esse post para falar de um dos lugares mais lindos de Roraima, que tem um potencial incrível para desenvolver o turismo comunitário em terras indígenas.
Sabe-se que essa é uma das regiões mais lindas de Roraima, não conheço todos os cantos do meu Estado, mas posso dizer que é o lugar mais lindo desse Roraima que meus olhos já viram até agora.
Cada pedra, cada gota d´água, transforma a paisagem desse lugar entre fauna e flora no lugar espetacular e o que dizer da palavra maravilha, vai além disso, não há adjetivos pra essa terra.
O Uiramutã é um município do nordeste do estado de Roraima, sendo o município mais setentrional do Brasil, atualmente possui cerca de 9.836 pessoas numa extensão de 8.065,564 km² de território.
O município fica localizado dentro da reserva indígena raposa serra do sol e é onde encontra-se o espetacular Parque Nacional do Monte Roraima, onde faz fronteira tríplice com Guiana e Venezuela. A palavra Uiramutã designa ‘local de espera de aves’.
Sendo único município do Estado que faz fronteira com dois países, Venezuela e República Cooperativista da Guiana. O Uiramutã fica cerca de 317km de distância da capital BV, apesar da curta distância, são cerca de 8 a 10 horas de ônibus para chegar à vila.
Como Chegar?
Para ir ao Uiramutã/RR, a maneira mais barata, é saindo da capital Boa Vista/RR da Rodoviária Internacional via ônibus intermunicipal com a Empresa Uiramutã transportes.
Dias de saídas:
Ida de Boa Vista /Uiramutã: Terça, Quinta, Sábado e Domingo.
Local saída: Rodoviária de BV – 7h e Dois90 – 7h40
Local de chegada: Rodoviária do Uiramutã – 16h
Volta do Uiramutã/Boa Vista: Segunda, Quarta, Sexta e Domingo.
Local saída: Rodoviária do Uiramutã – 7h
Local de chegada: Rodoviária de BV – 16h15 e Dois90 – 16h.
Valor da passagem ida e volta: R$ 140,00, R$ 70,00 o trecho.
Saimos de Boa Vista/RR às 7h15, horário local. O ônibus não possui ar-condicionado e é bem simples, não há número de poltrona para sentar, quem chegar primeiro pega o lugar que achar mais confortável ou tiver sobrando.
As bolsas e mochilas, é aconselhável levar dentro do bus, já que fica tudo sujo de barro velho se colocar embaixo, no maleiro. Não tem banheiro no bus.
Depois de sairmos da rodoviária há uma parada no posto 2,90 ou rotatória do Goiana, seja como for que você conheça. Lá esperamos uns 15min pra subir outros passageiros.
Dica, não sente do lado direito da janela que é onde pega o sol tarde, mesmo o tempo estando nublado no dia da viagem, ficou um pouco quente algumas vezes.
No meio do caminho, às 9h35, fizemos uma parada no Quarto de Bode para fazer as necessidades básicas e degustar de uma boa paçoca.
O trecho da viagem via BR-174 sentido Venezuela, é asfaltado, logo depois pega a estrada de barro vermelho com muita poeira e difícil acesso.
Além dos buracos, em muitas partes tem desvio, pontes quebradas, fora as erosões abertas devido as chuvas e falta de manutenção da estrada e em muitos lugares a passagem é dentro dos rios e igarapés da região. Às 10h20 entramos na estrada rumo ao Uiramutã.
No caminho, vai entrando passageiros e muitos vão em pé, e ficando ao longo do caminho nas comunidades indígenas.
Passamos pelo Surumu, logo seguimos. Às 12h paramos no restaurante Sofia, na comunidade do Contão, a beira da estrada. O prato feito custa R$ 12,00; o copo da paçoca R$ 4,00; copo de suco R$ 1,00; o refrigerante, tem o KS de vidro da Venezuela; Tubaina e refrigerante de dois litros, que esqueci de perguntar o preço, pois não bebo refri. rsrsrs
A infraestrutura é básica e os banheiros são relativamente limpos, porém não há papel higiênico. E diferente de alguns lugares não é pago para utilizar.
De sobremesa, tem o dindin que é vendido na frente do restaurante por uma garotinha e custa R$ 1,00 com diversos sabores das frutas da região. Eu comprei o dindin de Mixiri, fruta essa, que me lembro, nunca tinha comido, já que pra mim era Muruci.
Depois disso, só parada para deixar o pessoal. Às 16h05 chegamos à vila do Uiramutã, após 9 horas de viagem.
Lembrando que a vila não está dentro da demarcação indígena, assim como a BR-174. O ponto de parada é a Rodoviária do Uiramutã.
Onde Hospedar-se?
Ao chegar na Vila, ficamos na melhor Pousada da cidade, a Pousada Uiramutã. A pousada possui uma boa infraestrutura, os quartos são para 1 a 4 pessoas e a diária custa R$ 100,00.
Com quartos limpos, não há lençol, possui ar-condicionado; há telas nas janelas para evitar mosquitos; banheiro privado com papel higiênico, mas sem sabonetes e o chuveiro não é elétrico. Detalhe, que a água é super gelada, mas você sobrevive. Na pousada, possui wi-fi das 7h às 23h e pega bem.
Na pousada, há muitas frutas e flores da região, rosas principalmente, que são vendidas pelo seu Santilo para quem quiser a muda. As frutas fazem lama no chão, mas tem que pedir autorização para pegar.
No mesmo terreno está sendo construído o restaurante e lanchonete.
Preço da diária: R$100,00
Reservas: Santilo (95) 99122-0080, é só ligar ou mandar um whatsapp.
Após acomodação, no primeiro dia, fomos caminhar. E por coincidência estava tendo um protesto dos indígenas sobre a situação do município pós-demarcação e estavam comemorando a data da demarcação e todo seu processo de luta.
Ao chegar no Uiramutã, percebi que o município possui uma infraestrutura básica de apoio administrativo na vila.
Onde Comer?
Tomar café
Almoço e janta
Tem uma pizzaria na mesma rua da Pousada, mas o preço da pizza, você come três refeições nesse restaurante que falei acima.
O que fazer?
A melhor parte chegou.
Como já foi dito anteriormente, o Uiramutã fica dentro de uma reserva indígena, e todo lugar que faz turismo em terra indígena sem estar dentro da normativa da Funai que regulariza essa atividade se a comunidade quiser, é irregular.
Então, no Uiramutã há 115 comunidades, sendo que 94 são contra a prática do turismo, essas, ligadas ao CIR, porém, a Comunidade do Flexal que fica na região que vou apresentar o atrativo mais a frente é a favor do turismo e estão ligadas ao Sediur, sendo oposição ao CIR.
A vila do Uiramutã não é demarcada, porém não há uma definição exata do que é ou não terra indígena.
A comunidade do Flexal, segundo alguns moradores é a favor do turismo e dentro da região que eles estão, as cachoeiras do Ucazinho, Urucá, Pauiá 1 e Paiuá 2 mais a Cachoeiras das 7 quedas são as mais acessíveis, onde fica localizada a comunidade do Flexal, mesmo tendo suas divergências.
Não é fácil ter acesso a essas cachoeiras, a não ser que você conheça algum morador local já que é proibido o acesso por lei e a estrada é para veículos tracionados e quem conhece as cachoeiras e trilhas da região.
Como eu estava com grupos de estudante e pesquisa, tivemos acesso as cachoeiras com autorização por escrito da equipe da prefeitura do Uiramutã.
Visita à Cachoeira do Urucazinho.
Cachoeira do Urucá
Paiuá 1 e 2
Paisagens vista da estrada
Cachoeira das 7 Quedas
O que levar pra trilha?
1) Alimentação e bebida, andando vem aquela fome;
2) Eletrônicos pra registra a paisagem;
3) Capa de chuva e boné, ou é 8 ou 80;
4) Protetor solar e repelente, exageradamente;
5) Lanterna, escureceu? Vai que…
6) Fogo e canivete, sei lá o que vai acontecer;
7) Kit de primeiros socorros, sempre fica um arranhão;
8) Produtos de higiene pessoal e roupas leves e de banho;
9) Tolha;
10) Bolsa protetora de água.
Infraestrutura básica da Vila do Uiramutã:
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As operadoras de celular que pega no município é a Claro e Vivo.
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Wi-fi: sim;
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Posto de saúde: sim;
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Polícia: sim;
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Restaurantes e padarias: sim;
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Hospedagem: sim;
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Pista de pouso: sim;
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Energia: sim;
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Saneamento básico: sim;
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Água potável: sim;
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Ruas e estradas: precárias, em algumas partes, somente carros tracionados;
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Pontes: muitas não existem mais;
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Clima: quente de dia e frio a noite;
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Administração pública: sim (prefeituras e secretarias);
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Há uma agência do Bradesco; o caixa da CAIXA, fica dentro da prefeitura e do BB dentro dos correios;
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Não vi ninguém aceitando cartão por lá, tudo é dinheiro.
Apesar do Uiramutã possuir todo esse potencial natural e cultural para a prática do turismo, é proibido realizar turismo na região por ser dentro de um reserva indígena.
Para fazer turismo em terras indígenas é necessário atender as diretrizes da Instrução Normativa 003/2015, da FUNAI, que estabelece os procedimentos para a visitação turística em terras indígenas e que possibilita a comunidade desenvolver economicamente diversas atividades, não só o turismo, a partir de planos de visitação e de planos de negócios conforme aceitação da comunidade.
Poderia ter colocado esse post na categoria 10+. Porém, o turismo não é regulamentado, então, coloquei na categoria Dicas de Viagem pra que futuramente possam se organizar para aplicar a atividade conforme normativa da Funai.
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15 pensamentos em “Uiramutã/RR: Belezas intocadas ao Turismo desejado”
Parabéns por nos apresentar o “local de espera de aves” de forma tão agradável!
Muitas bençãos do Criador para ti!
Obrigada! 🙂
Logo teremos mais post sobre turismo de aves em Roraima. Obrigada!
Parabéns! Dicas excelentes e super claras.
Espero que eu tenha ajudado. Obrigada!
Boa noite!
Gostaria de dizer, que a Joviajou salvou minha ida ao Uiramutã…
Todas as informações contida no blog, são reais, pode seguirem sem medo ….
Ela além de escrever bem, descreveu o que viveu, todos os perrengues pra se chegar, todos os prós e contras,o lugar é muito especial, vale a pena todo o sacrifício …
Parabéns Jô
Obrigada! Os detalhes é pra ajudar mesmo quem precisa ir pra lá, apesar de ser necessariamente para turismo. 🙂
Nossa!!! esse post foi bem esclarecedor.. Meu noivo e eu somos fã de acampamentos.. trilhas.. e estamos pensando em passar nossa lua de mel no município de Uiramutã, aproveitar as belezas natuais deste lindo lugar, e você respondeu muita de nossas dúvidas, pois não achamos nenhuma agência de turismo que possa nos auxiliar.. se puder nos recomendar. Rs bjs.
Oiê. Uiramutã é uma região localizado em terra indígena. Não há turismo legal para lá. As agências que fazem turismo pra lá são ilegais. O governo do estado estava organizando o turismo pra lá, mas ainda vai levar tempo.
Oi Jô! Eu nunca tive a oportunidade de agradecer você por essa dica aqui de Uiramutã! Tive a experiência de conhecer esse lugar belíssimo graças ao seu relato detalhado. Fui sozinho em 2019, na cara e coragem, seguindo passo a passo do que você narrou aqui, desde o ônibus até a hospedagem. Que experiência especial e incrível! Muito obrigado por dividir aqui tantos momentos que inspiram. Sem palavras para descrever de forma completa como a minha experiência em Uiramutã foi transformadora. Obrigado mesmo 🙏🏻🙏🏻🙏🏻
Obrigada pelo feedback, que bom que deu tudo certo. Se você voltar, há mais opções agora com o etnoturismo no Estado para conhecer naquela região, para mim, a mais lindo de Roraima.
Boa tarde legal saber que tem ônibus de Boa Vista – RR a cidade mais ao Norte do Brasil. agora e para quem querer ir para o Monte Roraima e o Caburaí . os guias são de Boa Vista – RR ou de Uiramutã – RR ?
As agências são de Boa Vista e os guias também, porém contratam o guia ou condutor local na hora do trekking.
Olá, achei esse artigo por acaso em uma reportagem sobre as 10 piores cidades brasileiras, uiramutã era a mais votada 😔, e falava que era uma terra indígena praticamente, fiquei super curiosa pq amo essa cultura indígena então fui pesquisar e achei seu blog, amei🙏🙏🌻
Pois é, mas isso depende do ponto de vista. Questões econômicas e de IDH. Sim, enquanto isso, o Uiramutã é a região mais bonita de Roraima, e estar em área indígena não o desqualifica para tal.