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10 fatos sobre a história do “Parque do Rio Branco”

Se você não gosta de ler ou de história, pode sair desse post, mas se você gosta de leitura e conhecimento, está no lugar certo. 

Precisamos discutir a origem da cidade de Boa Vista a partir da presença das referidas malocas que antecedem a fazenda Boa Vista. Esse tema é relevante para os índios e população de Boa Vista, pois indica a participação efetiva desses povos indígenas na origem da cidade e da região e Roraima precisa desses registros.

Antes, vamos conhecer um pouco da história do “Bairro” Olaria, Francisco Caetano Filho, o Beiral.

1- Antes de ser Bairro da Olaria, Francisco Caetano Filho, Beiral e Parque do Rio Branco

Antes de tudo, é necessário saber, que antes do Beiral ser Beiral, precisamos  debater aspectos da história a partir da existência da fazenda Boa Vista do rio Branco (1830) que foi marcada pela presença de malocas das etnias Makuxi, Wapichana e de alguns Paravilhana, cuja etnia esta desaparecida. 

Em memória oral dos índios Makuxi trazida, os parentes diziam que seus antepassados identificavam a atual cidade de Boa Vista como o local chamado Kuwai Kîrî (teso de buritizais e igarapés, que na memória Wapichana é Kuaipyre).

Foto aérea de Boa Vista -RR em 1925. Foto: Waldir Paixão.

Antes dos Brancos, a área é onde viviam essas comunidades indígenas e que geograficamente este é o mesmo local onde se encontra a área Caetano Filho, aí já se via o processo de periferização e consequentemente segregação de algumas famílias, já que estes não faziam parte das grandes famílias locais e estavam a margem da sociedade, como na baixada e forma de favela, quando ser refere a Fazenda Boa Vista e ao Casarão Bento Brasil.

Então reafirma, antes de tudo, o local era terras povoadas pelos Makuxi, Wapichana e de alguns Paravilhana e chamava a região de Kuwai Kîrî.

2- Kuwai Kîrî, Bairro da Olaria, Francisco Caetano Filho, o Beiral é um bairro?

O Francisco Caetano Filho, ou Beiral, e antes disto, o “Bairro da Olaria” e Kuwai Kîrî  é uma das áreas mais antigas de Boa Vista, e já existia muito antes antes mesmo de 1830  e das décadas de 1930 e 40, quando as primeiras moradias começaram a ser erguidas pelo brancos.

10 fatos sobre a história do "Parque do Rio Branco"
Foto aérea – Década de 1925. Foto: Waldir Paixão

Para o surgimento das primeiras ocupações na área houve influência da Igreja Católica por intermédio dos padres salesianos e beneditinos, e da exploração de minérios em Roraima, em meados do século XX, os quais tiveram papel fundamental no crescimento da região, e consequentemente da degradação ambiental.

Os primeiros moradores brancos, praticavam a agricultura de subsistência, além da pescaria no rio Branco. Aos poucos, as atividades foram evoluindo e as olarias surgiram. Inclusive, o nome “Olaria” foi a primeira denominação da área onde hoje está o “Beiral”, atualmente o Parque do Rio Branco. Depois veio a época da exploração de minérios pelos garimpeiros, o que impulsionou o processo de ocupação daquela área de terra às margens do rio.

10 fatos sobre a história do "Parque do Rio Branco"
Foto aérea – Década de 50. Foto: Waldir Paixão

A Lei Municipal nº 188, do dia 14/11/1988, que instituiu a “Divisão Intraurbana da cidade de Boa Vista”, não contemplou a área do Beiral, como um “Bairro”. E, portanto, o “Francisco Caetano Filho” era um grupo habitacional dentro do “Núcleo Histórico de Boa Vista” e, como tal, faz parte do Patrimônio Público.

A Prefeitura não considera aquela área como sendo um “bairro”, e sim, como um núcleo do “Centro Histórico de Boa Vista”, onde a cidade começou.  Mas, não é um “Bairro”.

O apelido “Beiral” foi uma denominação dada pelos moradores, devido à localização às margens (ou beira) do rio Branco. E, o tradicional ponto de venda de peixe que havia na localidade, também reforçou o nome “Beiral”.

Outra curiosidade sobre o “Caetano Filho” é que como área de interesse social e não como bairro, pois de acordo com a Lei n. 1117, de 31 de dezembro de 2008, publicada no Diário Oficial do Município de Boa Vista, este espaço é considerado uma Área Especial de Interesse Social, no que diz o plano diretor do município de Boa Vista, as áreas sujeitas à regularização fundiária e urbanística são aquelas passíveis de serem declaradas como Áreas de Especial Interesse Social –AEIS.

A área do Caetano Filho corresponde a 1.356.159,31 metros quadrados e 5.528,60 metros de perímetro, compreendendo parte de pelo menos três bairros, uma parte do Centro, outra do São Vicente e outra do Calungá.

3- Quem foi Francisco Caetano Filho

Foi em 1962, que o então prefeito de Boa Vista, Olavo Brasil, atendendo a um pedido dos moradores do local, modificou o nome de “Olaria” para “Caetano Filho”.

O nome do “Núcleo Histórico de Boa Vista”, o Francisco Caetano Filho era um comerciante que trabalhava com vendas de carne de porco, e tinha seu açougue numa casa na entrada do Beiral.

O Caetano Filho foi morto em 1958, numa época em que as campanhas políticas iam além dos comícios nos palanques; e em que as disputas entre partidários e eleitores, muitas vezes terminavam em agressões mortais.

4-  Processo de transformação do Caetano Filho

A região, desde 1956 há registro de enchentes no Beiral.

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Beiral – 1967 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.
Beiral – 1967 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.
Beiral – 1967 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.

Em 2011 a área ficou submersa pelas águas do rio Branco, e no mês de julho de 2017 teve sua maior enchente.

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Beiral – 2011 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.
Beiral – 2011 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.
Beiral – 2011 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.
Beiral – 2011 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.
Beiral – 2017 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga. 
Orla – 2017 – Foto: Fanpage Boa Vista de Antigamente e Roraima Antiga.

Em 10 de julho de 2017, a  então Prefeita de Boa Vista,  Teresa Surita, em entrevista, anunciou um projeto de revitalização da área a partir da demolição das casas alagadas para fazer o Parque do Rio Branco sem deixar resquício da história na região.

Então vários projetos, é definido a partir disso, as obras do Parque do Rio Branco iniciaram-se em abril de 2018, e foram divididas em três intervenções.

Beiral – 2020 – Foto: PMBV

A primeira marcou a desapropriação de mais de 350 famílias da área de risco do Francisco Caetano Filho – Beiral, mediante pagamento de indenizações, com recursos próprios.

Na segunda, foram feitas a terraplanagem e drenagem da área, com elevação da avenida Sebastião Diniz e canalização do igarapé Caxangá. E  a terceira o inicio das obras.

5- Inauguração do Parque do Rio Branco

Considerada a maior obra turística de Roraima foi realizada uma semi-inauguração no domingo, 20 de dezembro de 2020 em plena pandemia da COVID-19, com uma grande parte ainda inacabada, onde  o mirante se transformou em uma tela gigante e foi iluminado por uma projeção acompanhada de queima de fogos de artifício que durou cerca de 10 minutos, houve muita aglomeração no evento, passando das normas de segurança da pandemia.

Beiral, Inauguração do Parque do Rio Branco – 20/12/2020 – Foto:PMBV

6-  O mais alto Mirante da Região Norte

A maior torre da região Norte com 100 metros de altura, superando a do Museu da Amazônia, que tem 42 metros. No local tem uma passarela metálica que dará acesso ao mirante.  Para acesso, há dois elevadores, um social e outro panorâmico e sua cúpula há um piso de vidro.

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Na passarela de vidro do Mirante – 2021 –  Foto: Jô Viajou

O mirante recebeu o nome de Edileusa Lóz, em homenagem à ex-servidora da Prefeitura de Boa Vista  que faleceu em 2020 em decorrência da covid-19, no período da campanha eleitoral a qual concorria ao cargo de candidata à vice-prefeita da capital do atual prefeito Arthur Henrique. Uma infeliz ironia do destino.

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Mirante -2021 – Foto: Jô Viajou

É a estrutura mais alta de Boa Vista. Lá em cima, o visitante tem uma vista panorâmica de Boa Vista, do rio Branco, pontes dos macuxis, Serra Grande e um belo pôr do sol amazônico.

A parte superior do tem 250m² e capacidade para receber 250 pessoas simultaneamente. Segundo a prefeitura,  devido à pandemia da covid-19,  inicialmente, seria liberado o acesso conforme normas de segurança, porém o lugar ainda está fechado ao público.

7- Área para as crianças, a maior Selvinha Amazônica

O Parque do Rio Branco abriga a maior Selvinha Amazônica de Boa Vista. São mais de 160 elementos artísticos, entre esculturas de animais típicos da Amazônia e atrativos para as crianças.

A Selvinha possui oito cenários e conta com área seca e molhada. O colorido garante um cenário lúdico e encantador. Cenário 1: jacaré, cobra, iguana; Cenário 2: formiga, zangão, louva-a-deus, lagarta, joaninha, tronco, libélula; Cenário 3: borboletas; Cenário 4: macaco chuin. Além disso, outros ambientes vão completar a alegria da criançada. Cenário 5: arara, tucano, papagaio, beija-flor; Cenário 6: onça pintada, tronco; Cenário 7: tamanduá, cupinzeiros e Cenário 8: árvore, postes folhas.

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Selvinha Amazônica – vista do Mirante – abril – 2021 – Foto: Jô Viajou.

Antes da inauguração a prefeitura colocou  em formato de miniatura uma maquete exposta no shopping. Ficou lindo, mas acho que vai ter o mesmo destino dos Parques Aquáticos do então ex-prefeito, ex-governador Ottomar de Souza Pinto, vai mudar de governo e virar sucata.

Selvinha Amazônica. Foto: PMBV

8- De quem é o projeto do Parque do Rio Branco?

O projeto foi elaborado pelo arquiteto Claudio Nina, que projetou a Ponta Negra, em Manaus e que contempla também macrodrenagem, ajuste do nível da área para prevenção de enchentes, além da instalação de equipamentos que promovam a atração do público e turística no local, marina flutuante, cortinas d’água e calçadão.

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Praia do Rio Branco – Muro kobra – 2021 – Foto: Jô Viajou

9 – Mural Artístico Cultural do Parque do Rio Branco

O muro do Parque do Rio Branco é uma galeria a céu aberto. O local expõe 34 obras de artistas regionais dentro do tema “Nosso Rio, Nossa História, Nossas Famílias”.

O Mural Artístico Cultural do Parque do Rio Branco, teve como critérios avaliados durante a seleção : histórico artístico; relação com o tema; potencial de atração turística e venustidade (formosura).

O objetivo da seleção e premiação foi dar suporte e valorizar os artistas locais, como também potencializar o turismo no Parque. As artes foram pintadas em um espaço no muro de concreto, de tamanho 2,5 metros de altura, por 4 metros de largura.

Foram feitas em grafite, em óleo, acrílico, esmalte spray ou outros materiais de tinturas ou corantes resistentes ao ambiente natural. As pinturas foram feitas em suas diversidades, tais como: surrealista, realista, impressionista, poética, anime, desenho, 3D ou bucólica.

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Muro kobra – 2021 – Foto: Jô Viajou

Com uma licitação no valor de R$400 mil reais, o grafiteiro internacional Eduardo Kobra,  um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras em mais de 30 países e cinco continentes.

Kobra, grafitou murais com imagens de personalidades como Martin Luther King, Mandela, Ghandi e Madre Tereza de Calcutá. Tem murais grafitados em cidades como São Paulo e Nova York. Esse, deixou sua arte nos muros do Parque do Rio Branco.

O artista retratou as diversas características do povo, da cultura e das belezas de Boa Vista, com o hiper-realismo e os famosos traços coloridos que marcam seus trabalhos.

10- Infraestrutura do Parque do Rio Branco

O parque do Rio Branco ainda conta com um espelho d’água em formado de meia lua, calçadões propícios para a prática de caminhada e praia. Já há banheiros públicos, quadras esportivas, posto de vigilância da guarda e praia.

O local recebeu ciclovia e arborização, além de uma passarela que interligará o Parque até a Orla Taumanan e uma marina (área para ancorar barcos), e sombreiros com o plantio de mais de 100 árvores.  Todo o complexo  foi orçado e custou aos cofres públicos cerca de R$ 59.926.400,00.

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Praia do Rio Branco e passarela em construção para a orla – 2021 – Foto: Jô Viajou

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Fonte: Prefeitura de Boa Vista; Coluna Minha Rua Fala e João Paulo Passos de Andrade.

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